quinta-feira, 11 de junho de 2009

Roteiro (pessoal) de Luanda

Os expatriados quando vêm para Luanda, podem vir com várias condições e modalidades de alojamento. Na minha empresa, dependendo do projecto e do número de pessoas, há duas modalidades de alojamento: ficar em casas alugadas (tipicamente chamadas de guest house) ou ficar no hotel.
Reconheço vantagens e desvantagens a cada uma das modalidades. Sendo que a grande vantagem do hotel, é não haver preocupações (daquelas que em Portugal nem sequer nos passam pela cabeça) com electricidade, com água, com o gasóleo no gerador, etc. e tal. Acho ainda que ficando no hotel uma pessoa acaba por ter mais liberdade de movimentos, mais independência, pois acabamos por viver sozinhos (nem que seja num quarto com WC).

Mas o ponto mais controverso é a alimentação. Certo que em casa é mais saudável, certo que se poupa imenso dinheiro, porque os preços em Luanda são um roubo… Sim! Mas e a vantagem que é experimentar restaurantes diferentes todas as semanas?

Portanto, acredito que existam, muitos mais e bons sítios, mas nós gostamos é destes. Como serviço semi publico, aqui fica a minha selecção de comes e bebes:

COMES

· Trinca Espinhas – Para mim o melhor restaurante de Luanda. Gosto de tudo, da comida (arroz de cherne, massada de marisco, açorda de camarão, bifes, etc.) ao espaço (com 2 salas, uma fechada outra esplanada) à simpatia sem fim dos empregados (com especial destaque para o Rui). Até a piadinha que fazem no fim, sempre que estamos lá com gente nova, continua a ser engraçada (e claro que não vou dizer o que é!). A notinha pequenina menos positiva é que desde a semana passada deixou de se puder fumar na sala de dentro… triste, muito triste...

· Fortaleza – Fica no Forte de S. Miguel, com vista para a Baia de Luanda (bem, não tem vista para quem está sentado nas mesas, mas do sitio onde se estacionam os carros dá para ver Luanda by night no seu melhor). A especialidade é Bife Pimenta, aconselhável a quem gosta mesmo, mas mesmo muito de pimenta, quem não gostar de comida picante é melhor ficar-se por um Bife com natas e cogumelos, igualmente bom. Outro prato que nos deixa de água é o Arroz de Cherne (bom, mas bom!!!). O serviço é bem lentinho, muito Luanda style, portanto a partir do momento em que se faz o pedido é mais ou menos 1 hora até vir a comida. Passa-se bem, porque não só o Nani (o dono) é um senhor muito simpático, como os jantares em Luanda tipicamente têm muita gente, então vai-se conversando, mal se dá pela hora a passar.

· Embaixador – O sitio e a decoração não são nada de especial, diria mesmo que nem sequer têm muita piada, mas vale a pena pela Cabeça de peixe (cabeças de garoupa, fresquinhas e muito bem confeccionadas). Convém marcar de véspera, sempre que se quiser a cabeça e arranjar no mínimo 4 pessoas, pois a quantidade que é servida é mesmo muita!!! Pessoalmente sou fã número 1 do caril de lagosta e as pataniscas com arroz de feijão também fazem as delicias de muita gente. Vale mesmo e só pela comida.

· Pintos – Pois parece que no 1º andar é um restaurante à séria (com direito a preços de ir às lágrimas), mas aí nunca fui. Fico-me pela sala de baixo, onde servem uns pregos fantásticos. Bifes do lombo meio em sangue, de comer e chorar por mais. Enquanto não chegam os pregos, vamo-nos deliciando com a ginguba (amendoim picante) e com as mini-chamuças ainda quentinhas. Muito bom para aqueles dias em que não apetece estar a comer de faca e garfo.

· Padrinho – É uma pizzaria. As pizzas são muito boas, não são comparáveis às da nossa Pizzaria, nem às da Pizzaria do Fim do Mundo, mas são muito boas na mesma. O pão de alho com queijo também vale muito a pena. Sai sempre baratinho, porque as pizzas são grandes demais para uma pessoa, então se forem gajas a comer, já chegamos a pedir 1 pizza para 3 e ainda sobrou a fatia da vergonha.

· Baia – Fui lá uma vez jantar e não achei nada de especial, mas entretanto experimentámos a parte de cima. Aí sim, vale a pena. Mais não seja pela vista, pois é uma esplanada muito, muito agradável para as noites quentes de Luanda. A comida é boa para petiscar, pizzas, tostas, pregos, assim coisinhas leves.

· Cais de 4 – É consensual que deve ser o restaurante de Luanda com a melhor vista. Fica ao início da Ilha, virado para a baia de Luanda, à noite, quando só se vêm luzes, temos aquela fantástica sensação que afinal Luanda até é uma cidade bonita. Tirando isso, pessoalmente acho as kaipiroskas de maracujá e o petit gauteux, dos melhores que já experimentei (em Luanda e fora dela). A comida, é assim normal. Conheço imensa gente que se queixa de já lá ter ficado mal disposto. E é a dar para o carote… quer dizer, é ainda mais caro que o habitual, mas também todos os restaurantes da ilha são muito caros. (por uma refeição nada de especial, no mínimo são 60USD, podendo sem grande dificuldade ser bem mais).

BEBES

· Chillout – É verdade que enjoa! É verdade que é sempre o mesmo todos os fins de semana! É verdade, que é capaz de ter mais concentração de branco por metro quadrado do que muitas discotecas em Lisboa! É verdade que nem sequer sou muito fã da musica que lá passa (ainda que às vezes lá apareça uma noite melhor que outra)! É verdade que se encontra montes de gente conhecida das nights de Lisboa! É verdade, sim senhora! Mas é BOM! Aliás, é o melhor! Restaurante / Bar / Discoteca, na praia, sempre bem frequentado… Fazer o quê? É o sitio para se ir e para se estar às sextas e sábados à noite. E quem nunca lá foi que atire a primeira pedrinha… ou então atire um bocadinho de areia da próxima vez que me vir por lá!!!

· Palos – Pois que parece que já existe há muitos anos. Fica entre a Mutamba e o estádio dos Coqueiros. Dizem que costuma haver montes de assaltos à porta (os miúdos da cola, apanham os pulas bêbedos e é um vai que te avias e não digas que vais daqui que eles só ajudam a que uma pessoa chegue mais leve a casa, sem guito e sem telefones)… mas eu gosto da musica! Gosto e pronto! É mais comercial, mais dançável, mais simpática para as noites quentes. Há mais variedade de pessoas, brancas, pretas, mulatas, chinesas, gays, etc. e tal, vê-se de tudo. Dizem que a noite forte é a 5ª. Experimentei a semana passada e sinceramente não vi grande diferença para as de sábado.

· Dom Q – Dom Quixote aka Dom Q (lê-se Quiu) para os amigos. Eu não sou amiga. Já lá fui, que isto uma pessoa não pode dizer mal se não conhecer. Não desgostei, é giro para aquelas noites de rotação em redline, quando às 4 e tal da manhã correm connosco do Chillout, mas o corpinho ainda pede festa. Convém ir para lá já bem acompanhado, que é como quem diz com uma taxa de alcoolemia daquelas proibitivas (tarefa, que por algum mistério mesmo muito misterioso, nesta terra é facílima de conseguir) já bem elevada. Só assim consigo suportar as batidas de kuduro constantes que são disparadas daquelas colunas. Confesso que ainda não fui lá vezes suficientes, para adorar ou detestar, só digo que foi onde vi eles e elas a dançarem duma maneira, que a minha cintura de pula (aka de pau) nunca me vai permitir dançar!

· Xeque-Mate – Vá-se lá saber como é que lá fui parar. Fica numa cave e quando se lá entra só se quer sair… mas depois do impacto inicial, achei o máximo. Eu que nem sequer sou grande dançarina, nem sequer gosto cá de grandes agarradelas, dancei kizomba a noite toda e achei imensa piada. Bom para as noites de cacimbo e para de vez em quando variar um bocadinho.

· Maiombe – Fica ao lado do estádio da Cidadela, que é como quem diz, ali mesmo à entrada do musseque. Não sei se foi do sítio, se foi de só deixarem entrar casais ou de termos chegado relativamente cedo (abre as portas à meia noite e a pista depois da 1 a.m.), o que é facto é que não achei piada nenhuma. Não tem um aspecto limpo. Dança-se kizomba, mas muito mais numa de engate do que no Xeque-Mate. Chamam-me esquisita, mas fui lá uma vez e não fiquei com vontade de alguma vez voltar.

E assim de repente não me ocorre mais nenhum sítio. Já ouvi falar de outros, tipo Elinga que passa a vida a dizer que vai encerrar mas que se mantém aberto. Parece que em tempos houve o Bay In, que era muito bom e o concorrente mais directo do Chillout, mas infelizmente fechou 1 ou 2 meses antes de eu cá chegar o ano passado. No Miami, aos sábados à noite há moços e moças locais a dançar kizomba com os clientes e aquilo fica animado q.b. (também dizem, nunca fui, porque não calharam as datas, que tem a melhor festa de carnaval de Luanda). Mas tenho uma menção honrosa a fazer à discoteca que mais gostei em Angola: chama-se Chirinaua (não me lembro se se escreve assim) e fica em Benguela. Tem a melhor musica e o melhor ambiente, aqui para o gostinho pessoal da je.

Resumindo, quem me dera que os meus utilizadores me dessem tantas alternativas boas como as apresentadas aqui neste post… e se um dia por cá passarem, não percam estes locais (mais não seja para dizerem que eu tenho assim os gostinhos um bocadinho para o avariado… que aviso já, é coisa que pode muito bem acontecer)!!!!!

PS1 – Não aprofundei o tema ‘preço’ dos comes… porque realmente são caros. Nem vale muito a pena pensar nisso. Decorem o valor mínimo de 50USD e a partir dai é só somar…

PS2- Os bebes não variam muito. 25 USD pagos à porta onde é entregue um cartão de consumo, a partir daí depende da disposição (da nossa, da do empregado, das nossas notas, das nossas notas na mão do empregado, etc. e tal, que uma mãe de familia não pode saber nem dizer estas coisas)

PS3 – Bolas que isto ficou grande… e foi só mesmo porque não há 2 sem 3 :)

3 comentários:

Gajo que já foi ctg ao Vaskus disse...

Kaipiroskas de maracujá é no Vaskus :p

Miss M. disse...

LOL

Estas estão ao mesmo nível, com a vantagem que não se fica com aquele tipico cheirinho a comida do Vaskus :)

Óh gajo que já foi comigo ao Vaskus... isto assim fica dificil de saber quem és... mas desconfio :)

Sara disse...

Deve-se fazer este tipo de viagem para conhecer as profundezas de seu ser, espero ser capaz de fazer algum retiro espiritual, também eu gostaria de fazer em uma cidade, então eu espero conseguir um aluguel apartamentos buenos aires